Há forte probabilidade de encerramento da SECLA, empresa cerâmica de referencia nas Caldas da Rainha, actualmente com cerca de 250 trabalhadores e que nos anos 60/70 foi líder em inovação na Europa. Se encerrar no fim de Junho será a 5ª empresa cerâmica com dimensão a cessar a actividade desde 2005 só nas Caldas da Rainha. Depois da Pastoret, Le Faubourg (ex - Faianças Subtil), Barrarte e A. Santos entre outras de menor dimensão.
Situação que levou a Banca em geral a bloquear o necessário financiamento a todo o sector, mesmo às empresas viáveis... como habitualmente
não distinguindo o trigo do joio.
Independentemente das especificidades da situação de cada uma destas empresas privadas e com a sua própria gestão, que não compete à AIRO comentar, há causas comuns sobejamente conhecidas, entre as quais a AIRO sempre destacou o custo da energia e do dinheiro.
Há muito que vimos alertando para isso e para a necessidade das empresas se unirem nas suas Associações criando massa critica e poder real!
Em Junho de 2005 apresentámos no Ministério da Economia documento conjunto AIRO, APICER, AIDA e NERLEI solicitando medidas preventivas e de apoio (não subsídios), em condições que permitissem às empresas de cerâmica, fortemente exportadoras, manter a sua competitividade internacional. A AIRO deu conhecimento deste documento às autarquias envolvidas e inclusivamente apresentou-o aos Grupos Parlamentares (
Pacto 4C – Consolidação, Competitividade e Crescimento da Cerâmica). Este documento pode ser consultado em www.airo.pt.
Medidas simples, concretas exequíveis e com efeito alavanca se fossem tomadas a tempo.
Não foram!
Provavelmente o Estado ainda não fez bem as contas aos custos à posteriori de subsídios de desemprego e afins, para além das terríveis consequências sociais da desertificação da actividade industrial.
A partir de Outubro de 2007 e a nível regional houve encontros das Administrações de três empresas (Secla, Bordalo Pinheiro e Molde) com o Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, naturalmente preocupado com a situação e onde foi pedida intervenção politica para uma equipe de apoio à Eficiência Energética nas fábricas e mudança de atitude da Banca, assim como apoio para participação conjunta forte em Feiras Internacionais.
Após a mudança de planos de localização para o futuro Aeroporto Internacional de Lisboa, da Ota para Alcochete, houve negociações de compensação entre o Governo e a AMO (Associação de Municípios do Oeste), para as quais a AIRO não foi consultada nem participou e cujos resultados finais ainda se desconhecem.
Considerando que há pelo menos dois municípios do Oeste (Alcobaça e Caldas da Rainha) cujo tecido empresarial é fortemente afectado pela situação da Industria Cerâmica, esperamos sinceramente que as citadas medidas financeiras urgentes tenham sido consideradas no pacote de compensações!
Se assim for ainda há esperança!
As características especificas que tornaram Alcobaça e as Caldas da Rainha regiões excelentes para a industria cerâmica, a existência de matérias primas e o saber de tantas pessoas da região mantêm-se. Há boas escolas, artistas e formação profissional. As acessibilidades são novas e de boa qualidade.
A vontade politica e decisões rápidas, aliadas à capacidade empresarial remanescente, poderão inclusivamente atrair novos investimentos em empresas modernas do sec. XXI competitivas, com marketing e design.
Mais do que nunca é preciso poder, acção em tempo útil, factos concretos de apoio a quem o merece e não as ladainhas habituais, enquanto uma a uma e perante uma acumulação de factores adversos, as nossas Industrias vão morrendo!
Se as autoridades centrais e regionais pretenderem de facto salvar o sector cerâmico não se iludam: Urge exigir a abertura imediata de uma linha de crédito específica para financiar a cerâmica!
A Direcção da AIRO
16 Junho 2008